sábado, 24 de março de 2012

Casos de crianças vítimas de abuso sexual triplicam em hospital de SP

Ao todo, 1.088 casos foram comunicados em 2011 ante 352, em 2001.
Mulheres são as principais vítimas, mas casos triplicam entre homens.
O número de crianças vítimas de abuso sexual atendidas pelo Hospital Estadual Pérola Byington, localizado em São Paulo, triplicou nos últimos dez anos, de acordo com um levantamento da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo. As informações são da Agência Brasil.
Em 2011, foram registrados na unidade 1.088 casos de menores de 12 anos que sofreram esse tipo de violência, enquanto em 2001 foram 352 casos. O hospital é referência em atendimentos do tipo na capital paulista e na Grande São Paulo.
Entre os adolescentes, com idades entre 12 e 17 anos, a quantidade de atendimentos cresceu 52% no período pesquisado. Já o número total de casos entre vítimas adultas (acima de 18 anos) caiu 40%.
O levantamento da secretaria aponta ainda que, se considerado o total de atendimentos do hospital, houve um aumento de 26,4% no número de mulheres vítimas. Já entre os homens, a quantidade triplicou. Em geral, somando vítimas de todas as idades e sexos, o crescimento em dez anos ficou em 37%.
“Apesar disso, acreditamos que para cada caso comunicado existem quatro que não chegam ao conhecimento de ninguém. Esses dados representam cerca de 20% de um suposto total”, estimou.
Para Jeferson Drezett, médico e coordenador do Núcleo de Violência Sexual do hospital, os dados não apontam um crescimento no número de casos nesses dez anos, mas, sim, um aumento no número de abusos comunicados.
Para o médico, a diferença na evolução das estatísticas referentes a vítimas adultas e crianças é decorrente da melhora nas políticas públicas relacionadas ao assunto.
“Mulheres adultas têm, hoje, mais possibilidades de receber atendimento desse tipo perto de suas residências. Atualmente, diferente do que acontecia há algum tempo atrás, elas não precisam mais sair de regiões afastadas e vir para o Pérola Byington. Já quando se tratam de crianças e adolescentes, a quantidade de locais aptos a atender é bem menor e eles [os casos], em sua maioria, são direcionadas para cá”, diz o médico.
Para identificar se há possibilidade de um menor estar sofrendo abuso sexual, Drezett destaca como pontos a serem observados: mudanças abruptas de comportamento e queda no rendimento escolar sem explicação.
Caso sejam identificadas situações assim, a orientação é para que seja feita uma tentativa de diálogo, de forma sutil, e que, confirmando-se a suspeita, se denuncie o caso para o Conselho Tutelar mais próximo. O comunicado pode sempre ser feito de forma anônima, ressalta Drezett.
Mudança cultural

Drezett afirma que o Brasil sofreu uma mudança cultural nos últimos anos, que ajuda pais e professores,ou cuidadores de crianças em geral, a identificar sintomas de abuso sexual. “Esse tipo de violência era antes encarado de forma velada e hoje é repudiado publicamente. A mídia fala mais sobre o assunto. Além disso, as pessoas aprenderam que essa é uma situação que não pode ser tolerada e que, quando há conhecimento dela, precisa ser comunicada para romper com esse ciclo de violência”.


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